HPV – VERRUGA GENITAL

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CONDILOMA ACUMINADO

Trata-se de uma doença sexualmente transmissível conhecida como condiloma acuminado, verruga genital ou papiloma genital e popularmente chamada de crista de galo ou cavalo de crista.

É causada por um vírus, o “papiloma vírus humano” ou HPV (do inglês “human papiloma virus”).

Na atualidade é uma das doenças sexualmente transmissíveis (DOENÇA VENÉREA)mais disseminadas pelo mundo e estima-se que cerca de 70% das mulheres sexualmente ativas, se infectarão durante a vida.

A partir do final da década de 1.970, pesquisas passaram a relacionar que algumas dessas lesões podem evoluir para lesões cancerosas ou pré-cancerosas (malignas ou pré-malignas), nas áreas afetadas (colo do útero, vagina,vulva, ânus ou pênis) e posteriormente mostrando também relação com alguns cânceres da língua, orofaringe e laringe.

Nas décadas seguintes, 1.980 e 1.990, foram identificados mais de 1 centena de subtipos de HPV e cerca de 40 deles ligados a infecção da região genital e alguns subtipos com alto risco de desenvolver câncer da região genital.

Transmissão:

Na maioria dos casos (95 %), a transmissão ocorre através da relação sexual seja vaginal, oral ou anal.

Mas pode ocorrer transmissão através de materiais contaminados como toalhas, sabonetes, buchas ou esponjas, usadas imediatamente por outra pessoa, ocorrendo a transmissão por atrito destes materiais com a pele.

Lâminas de depilação podem também servir com meio de transmissão e podem causar autocontaminação, disseminando para outras áreas da pele.

O período de incubação pode variar de poucas semanas até mais de um ano, então podem surgir lesões microscópicas (forma subclínica), que geralmente não causam sintomas e nem são aparentes a olho nú ou lesões maiores, já visíveis a olho nú, com aspecto de verruga ou vegetações (aspecto de couve flor ou de crista de galo).

Em muitos casos permanecem na forma microscópica durante anos e nesta fase as lesões podem ser totalmente assintomáticas ou eventualmente podem causar irritação e coceira no local, devido a associação com micoses (infecção por fungos na região).

Porém mesmo na forma de lesões microscópicas, a doença também é transmissível.

Apesar de se tratar de doença ALTAMENTE contagiosa, cerca de 1/3 os parceiros sexuais podem nem chegar a ter as lesões, mesmo as microscópicas, por resistência natural ao vírus, isto é, o organismo consegue detectar as células infectadas e eliminá-las.

Diagnóstico:

Na mulher, o método de triagem mais utilizado e de grande utilidade é o Papanicolaou (colpocitologia oncótica) que pode indicar alterações provocadas pelo vírus.

Também frequentemente são realizados os exames de peniscopia (no homem) e colposcopia e vulvoscopia (na mulher). São exames que utilizam reagentes aplicados na região genital e visualização com ampliação de lentes de aumento ou câmeras. 

Estes exames permitem avaliar a localização e a extensão das lesões sejam não são visíveis a olho nú (lesões microscópicas) ou quando já existem verrugas. Caso sejam encontradas lesões, são retirados pedaços muito pequenos de tecido (biópsia) e estes fragmentos de tecido são preparados para o exame anátomo patológico, onde são examinados ao microscópico

Algumas alterações microscópicas detectadas no anátomo patológico, tal como a coilocitose,  podem indicar indiretamente a presença do Papiloma vírus humano (HPV).

Há 2 exames de biologia molecular que podem ajudar a identificar partículas do próprio HPV, a Hibridização in situ e a Captura híbrida para HPV.

A hibridização in situ, identifica a presença de partículas do vírus no próprio tecido retirado na biópsia.

Na captura híbrida para HPV, realiza-se escovado da região genital e leitura do escovado.

Tratamento:

O tratamento, visa eliminar as lesões verrucosas visíveis através da destruição das lesões (por calor, ácidos ou congelamento) e também o tratamento das lesões com utilização de cremes de aplicação local, tais como  Wartec (descontinuado no Brasil), Efurix creme (5-Fluoracil), podendo ser associados a vitaminas e estimuladores da imunidade local, tais como Imiquimode na forma de creme, que auxiliam inclusive na prevenção de recorrência do HPV.

Ainda não há antivirais para o HPV, tanto de uso oral, injetável ou cremes de aplicação local.

Recomenda-se exames periódicos por cerca de 1 ano, pois o vírus pode torna-se latente (“adormecido” no corpo) e é muito comum a recorrência, seja de lesões visíveis a olho nú ou microscópicas.

Por ser uma doença de tratamento muito longo e de difícil controle, muitos pacientes abandonam o tratamento sem realmente constatar controle da doença.

Mas a importância do tratamento, vai além do desconforto estético que as verrugas possam causar, está em prevenir futuras evoluções destas lesões para formas mais graves, tais como câncer do aparelho genital feminino (vulva, vagina ou colo do útero) ou masculino (pênis) ou no ânus.

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Prevenção:

A melhor forma de reduzir a transmissão da doença é limitar o número de parceiros (as) e o uso de preservativo.

Caso você tenha contato com os parceiros (as) sexuais, comunique a suspeita ou confirmação da presença do condiloma genital, para que procurem diagnóstico e tratamento adequado.

Caso seja constatado o condiloma, para você ou para sua parceira, USE O PRESERVATIVO, para todo tipo de relação sexual, seja vaginal, anal ou oral.

Separe em sua residência, possíveis materiais que possam contaminar outras pessoas, tais como toalhas, esponjas, sabonetes, lâminas e lave separadamente sua roupa íntima.

Lave bem as mãos, toda vez que manipular a região, evitando a autocontaminação e nem tente arrancar ou apertar verrugas visíveis.

Esta doença tem uma relação importante com a imunidade (resistência do organismo a infecção), por isso é necessário um repouso de 7 a 8 h por dia, alimentar-se regularmente e adequadamente, abandonar o hábito de fumar e o controle do stress nas atividades.

No final de 2006, iniciou-se a comercialização de uma das vacinas para o HPV, que protege contra os principais subtipos do HPV, causadores de câncer.

A vacinação para o HPV está disponível tanto na rede de vacinação particular como na rede pública.

Vacinas:

Há 3 vacinas disponíveis no mercado, que oferecem proteção e prevenção excelente contra o câncer de colo do útero.

A vacinação é recomendada principalmente para as mulheres e homens que ainda não iniciaram a atividade sexual.

Oferecem proteção de pelo menos 70% dos casos de câncer do colo do útero, associado a infecção pelo HPV e contra infecções para alguns subtipos de HPV.

A sua utilização é destinada exclusivamente à prevenção e não há efeito terapêutico demonstrado nas infecções pré-existentes ou na doença clínica já estabelecida ou seja não tem finalidade de curar lesões já instaladas.

Existe mais de 1 centena de subtipos de HPV, sendo os 2 mais importantes o 16 e 18, que estão diretamente ligadas ao desenvolvimento desse tipo de câncer.

As vacinas Gardasil (da MSD, a primeira desenvolvida) e Cervarix (da GSK) oferecem proteção contra esses 2 tipos de HPV.

A Gardasil oferece, adicionalmente  imunização contra os tipos 6 e 11, associados ao aparecimento de verrugas genitais.

Vacina bivalente (CERVARIX)

A indicação para a vacina bivalente é de que seja administrada a partir dos 9 anos e sem limite de idade.

Este tipo de vacina protege contra dois subtipos do vírus HPV, o 16 e o 18 e a  aplicação deve ser feita de acordo com a idade.

Quando aplicada entre 9 e 14 anos são feitas 2 doses da vacina, com intervalo de 6 meses entre elas. Para pessoas acima dos 15 anos, são feitas 3 doses, no esquema 0-1-6 meses.

Vacina quadrivalente (GADARSIL)

A vacina quadrivalente é indicada para homens entre os 9 e os 26 anos de idade e mulheres entre os 9 e 45 anos.

Como nas crianças, o efeito de proteção já pode ser obtido com a aplicação de somente duas doses, é por este motivo que algumas campanhas de vacinação podem disponibilizar apenas duas doses, então entre 9 e 14 anos são feitas 2 doses da vacina, com intervalo de 6 meses entre elas.

Após os 15 anos, devem ser realizadas três doses da vacina quadrivalente. O esquema de doses é 0-2-6 meses, sendo que a segunda dose é feita após dois meses e a terceira dose é feita após seis meses da primeira dose.

Este tipo de vacina protege contra 4 tipos de vírus HPV, os subtipos 6, 11, 16 e 18. E é a mais indicada para os homens, pois além de proteger contra verrugas genitais também protege contra o câncer do pênis ou do ânus. Em mulheres protege contra o câncer do colo do útero, vulva, vagina ou do ânus.

Vacina nonavalente (GADARSIL 9)

A vacina nonavalente foi aprovada pela Anvisa, mas até o momento só está disponível na rede privada de saúde.

A recomendação é que ela seja administrada em meninos e meninas com idade entre os 9 e 26 anos e protege contra nove subtipos do vírus HPV: 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58.

A vacina nonavalente protege contra o câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis e ânus, assim como contra verrugas genitais provocadas pelo HPV.

A aplicação deve ser feita de acordo com a idade. Quando administrada entre 9 e 14 anos, devem ser aplicadas 2 doses, sendo a segunda realizada entre 5 a 13 meses após a primeira.

Caso a vacina seja administrada após os 15 anos, o esquema deve ser de três doses (0-2-6 meses), onde a segunda dose é feita após dois meses e a terceira dose é feita após 6 meses da primeira.

As 3 vacinas estão disponíveis na rede particular, mas a Gadarsil quadrivalente pode ser aplicada na rede pública